
Elas foram escolhidas por seu engajamento social pela paz e pelos direitos da mulher, o que, pelo princípio, foi uma medida extremamente válida, já que dessa forma, está-se incentivando mulheres e, pessoas como um todo, a se mobilizar socialmente, mesmo que o contexto seja de repressão e violência, sendo estes dois elementos presentes principalmente na vida de Tawakkul e Leymah.
O desconforto em quem tem acesso a uma notícia como essa é que elas terão que dividir o prêmio e o presidente Barack Obama o ganhou sozinho em 2009.
Outra contestação que pode ser feita é quanto ao fato da escolha da primeira mulher a ser eleita presidente em um Estado africano, Ellen Johnson. De fato, é uma barreira que ela conseguiu romper, a do machismo, uma forma também de violência e repressão, para ter conseguido chegar onde chegou. Além do mais, sua história de vida é um modelo referencial a todas as mulheres do mundo, já que cursou uma universidade e se especializou nos Estados Unidos. No entanto, o perigo de vida que ela sofreu não foi tão evidente quanto o vivenciado por Karman Tawakkul e Gbowee, pelo que se pode concluir de suas ações.
Fora estes fatores, essa escolha pode ser mal vista quando se tem em mente que ela disputa uma reeleição presidencial que se dará nas eleições de 11 de outubro.
No lugar dela, outra ativista poderia ter sido premiada, a afegã Sima Samar, que luta pelos direitos femininos no Afeganistão. Isto porque faz exatamente dez anos que o Taliban foi derrubado do poder no país, mas este ainda sofre com este mal, com numerosos resquícios da milícia, que "agora" estão espalhados por todo o país, sob a denominação de "neotalibãs". Tendo-se em mente esse contexto em que a mulher ainda sofre repressão e perigo de todo tipo de violência naquele país, seria simbólico que ela também fizesse parte do "time das engajadas". Isto seria uma motivação para outras mulheres do Afeganistão.
Quanto à Karman Tawakkul e Leymah, ambas efetivamente sofreram perigo. A primeira, jornalista no Iêmen, o que em si já é desafiador e perigoso, participante da Primavera Árabe - evento em que a repressão violenta é personagem protagonista e mulher. A segunda, pregou a participação feminina na política e denunciou publicamente os estupros sofridos pelas mulheres efetuados por soldados durante a Guerra Civil da Líbia. Ela também sofreu perigo, pois isso foi ainda durante a guerra, em 2003.
De qualquer forma, 2011 fica como um ano em que as palavras "mulher" e "levante" ficam como definidoras e inevitavelmente atreladas uma à outra. Parabéns à todas elas que dão exemplo de comportamento ao mundo.
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