domingo, 5 de fevereiro de 2012

BASHAR, SERVO DA TIRANIA


Rússia e China vetaram os planos de intervenção na Síria no Conselho de Segurança da ONU, o qual visava à detenção da matança que acontece no país há mais de 10 meses, oriunda da repressão do governo sírio aos manifestantes. Diante desse panorama, a revolta é inevitável, assim como as dúvidas. Como defender uma ideologia que, na prática, não ajuda em nada a resolver a guerra civil que o país vive? Por que aderir a ideologias que acabam cercando a população, limitando as ações de uma instituição que foi criada visando promover a paz mundial? O que se passa na mente de alguém com atos tão perversos como Bashar?
Protestos reivindicando reformas democráticas no país começaram há quase um ano. Entretanto, Bashar al-Assad, há quase 12 no poder, frustrou a população com a inconcretude de suas promessas. Ele é acusado de promover o massacre que dura no país desde o início do levante.
Uma das primeiras dúvidas é quanto à "couraça" que parece estar sobre as ações da ONU frente a toda essa situação. Por que uma atitude não fora antes tomada, assim como a invasão na Líbia? A resposta pode estar no exército. A Líbia tinha um exército fraco e instável, ao contrário da Síria. Além do mais, a Síria está numa posição geográfica estrategicamente mais interessante do que aquela que a Líbia dispõe. A relação que a Líbia tinha com a Europa era muito mais estreita do que aquela tida com a Síria, o que dificulta as relações de punição, pois a Líbia serviria como uma subordinada, ao contrário da Síria. Entretanto, a incerteza continua quando se leva em conta que a própria Liga Árabe solicitou a invasão à Síria. O que estariam tramando China e Rússia ao vetar a intervenção da ONU no país? Os dois países alegam terem tomado essa atitude por considerarem que o problema da Síria é algo interno e que, portanto, não deve sofrer influências externas para sua resolução, o que parece político demais pra ser geopolítico.
Enquanto isso, mais de 6 mil pessoas foram mortas, segundo fontes. E o que se passa na mente de Bashar? Para tentar especular a respeito da compreensão sobre o que guia as atitudes de alguém assim, pode-se tomar pode base o "Discurso da Servidão Voluntária", de Étienne de la Boétie. Na referida obra, afirma-se que aqueles que herdam o poder de um tirano - caso de Bashar, que herdou o poder do pai, visualizam na população "a servidão", que é dever dela. Essa seria uma explicação que apontaria para a "dificuldade de percepção" desse tipo de indivíduo para enxergar a posição do outro. Mas, jamais poderia justificá-la, por mais que o vilão tenha crescido numa redoma ou numa torre de marfim. O mau caráter e o egoísmo seguramente são as peças chaves dessa questão.
Os países da ONU dizem que vão intensificar as sanções contra a Síria, mas a indignação resultante de toda essa situação dá sinais de que vai continuar frente à impotência que parece predominar nos órgãos mundiais de proteção à humanidade. Nesse vai-e-vem, mais famílias estão conhecendo a dor da morte. Direitos humanos são feridos a todo tempo e estão se valendo deles próprios para permitir que sejam atacados. Recorrendo novamente a de La Boétie, na mente de um tirano, nada pode ser mais precioso do que descarregar sua insatisfação em toda uma população de "súditos", tentando perpetuar a sensação de servidão em que está preso. No caso de Bashar, um servo da tirania.

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