domingo, 15 de abril de 2012

“A RÁDIO NÃO PERDEU PARA A INTERNET, APENAS ESTÁ DEIXANDO DE GANHAR”, DECLARA DIRETORA DA RÁDIO UNESP FM


O século XXI traz uma série de novos padrões para a comunicação. Mas, não são todos que conseguem acompanhar o ritmo da evolução de suas tecnologias. Um exemplo disso são as rádios. Algumas delas ainda enfrentam problemas para se adaptar a esse quadro, não conseguindo usufruir com plenitude dos benefícios que a internet pode oferecer. É o caso da Rádio UNESP FM.
Até uns anos atrás, o rádio era considerado um veículo de comunicação de acesso mais rápido. O rádio chegava em qualquer lugar do mundo e era imediato. A televisão não tinha essa penetração. Então, o rádio era o meio de comunicação mais rápido. Com a vinda da TV, o rádio foi perdendo um pouco de espaço. Talvez não pelo alcance, pela rapidez... Mas pelo fator imagem. O rádio continua ainda continua sendo mais rápido e de abrangência maior. Com a vinda da internet, o rádio perdeu essas duas peculiaridades” é como Cleide Portes, diretora da UNESP FM, entende o panorama recente da história do rádio. Mas, para ela a perda não foi total. Não é possível acessar a internet enquanto se dirige o carro, lembra Cleide. Então, ouve-se rádio. Além do mais, “o rádio, em algumas regiões, ainda ganha da internet. Então, as comunidades mais longínquas, mais perdidas no meio da selva, ainda sabem das notícias pelo rádio “, conclui ela.

Hoje, a UNESP FM passa por dificuldades de interação com o internauta. A falta de funcionários destinados a administrar as contas da rádio em redes sociais como o Twitter e o Facebook é um dos principais problemas dentro desse assunto. Segundo Cleide, a burocracia para contratar funcionários é a principal causa desse problema: “nós da Rádio UNESP, por sermos uma rádio pública, estatal, não podemos ter essa agilidade de contratação de webdesigners, de programadores, de ter profissionais aqui dentro para agilizar nosso site (...) e aproveitar todas as ferramentas que a internet possibilita”.
Relacionar-se com o internauta poderia concretizar um dos objetivos da rádio, que é integrar-se com a comunidade – o que está exposto até no slogan da instituição, “Rádio UNESP, a rádio em sintonia com a comunidade”. Para contratar um funcionário que possa gerir a comunicação da UNESP FM com o internauta, é preciso, primeiro, convencer a reitoria a liberar verba para isso. O segundo passo é abrir concurso público. Alunos da UNESP ou do Colégio Técnico Industrial poderiam também desempenhar essa tarefa, desde que na condição de bolsistas, o que também requer liberação de verba para essa remuneração por parte da reitoria.
Cleide explica que em meio às outras prioridades, como a contratação de jornalistas, por exemplo, tentar interagir com o internauta acaba ficando em segundo plano. Contudo, isso não impede a rádio de preparar projetos visando à integração rádio-internauta. Apesar de existir em outras emissoras, um deles é implantar uma webcam no estúdio de gravação das entrevistas ao vivo, de modo a disponibilizar suas imagens pela internet. A UNESP FM quer ser uma rádio com imagens, sem deixar de ser rádio, o que já vem sendo uma tendência na radiocomunicação.
Mesmo com as dificuldades mencionadas, a Rádio UNESP disponibiliza pela internet a sua programação ao vivo 24 horas por dia, além de áudios de alguns programas. Foi através dela que ouvintes de outras unidades da UNESP puderam conhecer a rádio. É também pelos e-mails com as opiniões de ouvintes que a rádio tem uma noção do que eles estão gostando ou não. É fato que o público jovem, por exemplo, que poderia, segundo as palavras da diretora da rádio, “oxigenar a programação da rádio”, está muito ausente da UNESP FM e que, talvez com uma maior presença da rádio na internet, poderia estar integrado com a rádio. Numa enquete feita por esta reportagem no câmpus da UNESP de Bauru, de 50 jovens alunos entrevistados, 7 disseram ouvir a Rádio UNESP, com diferentes frequências ao passo que 9 declararam nem sequer saber que a rádio existia!
Cleide Portes conheceu a situação de outras rádios públicas do Brasil e afirma que ainda assim a situação da Rádio UNESP é privilegiada. É preciso lembrar que esta rádio pode ser um reflexo das outras rádios públicas no Brasil em relação aos problemas enfrentados para se integrar aos internautas e às novas gerações. Para ela, a Rádio não perdeu com o advento da internet. Pelas dificuldades enfrentadas, ela está apenas “deixando de ganhar”.

sábado, 17 de março de 2012

OUVIDOS QUE SENTEM O CORPO

Quadro "Baile de salón". Crédito: www.eltriunfo.com.mx
"Si no le contesto se desespera / piensa que con otra estoy / haciendo lo que hacia a ella, ea ea ea (se não a respondo, se despera / pensa que estou com outra / fazendo o que fazia com ela)" é como começa uma das músicas de maior sucesso de um ritmo que, da última década pra cá, envolveu a América latina quase inteira; o reggaeton. Nas festas, danças sensuais quase nunca se contrapõem a um toque de romantismo das letras; elas o complementam.
Qualquer um poderia dizer que o reggaeton é na América espanhola o que o funk é no Brasil, o que pode ser um terrível engano. Trata-se de um estilo musical que, sim, evoca a sensualidade, entretanto sempre retrata uma situação amorosa. Notam-se músicas que têm uma história romântica, tematizando o conquista e, algumas vezes, das desilusões amorosas. São composições em que o carinho e as carícias estão presentes. Muito diferente disso é o funk brasileiro. Sua temática é ocupada quase unicamente pelo sexo, pelas descrições dos movimentos sexuais...
Ambos os ritmos são muito populares nos lugares onde tocam. Contudo, seria cada um um reflexo do povo que representam? Seria possível dizer que eles representam seus povos? Se levado em conta que o ser humano tende a gostar do que lhe é mais parecido, pois assim lida com as mesmas concepções que as suas e, portanto, não é contrariado, pode ser que sim. E seria o hispanoamericano um indivíduo mais romântico e o brasileiro mais sexualizado?
Ainda dentro da música, se analisadas as canções pop que fazem sucesso na América espanhola, ver-se-á que as letras sempre apresentam um teor poético, independentemente de sua qualidade ou conteúdo. Exemplos são os de várias canções da cantora Anahí, de Belinda ou do extinto grupo Kudai. O brasileiro encara as músicas de outro jeito, o que é observável em letras como "e elafaz faculdade e eu aqui, aprendendo a dirigir...", trecho de "Menina Estranha" da banda Restart, ou "mas eu te peço só um pouquinho de paciência, a cama tá quebrada e não tem cobertor", trecho do novo single do cantor Michel Teló, "Humilde Residência". São palavras que destoam de contextos musicais românticos e apontam para o fato de o brasileiro não estar muito interessado em letras românticas ou "bonitas", dentro de uma visão clássica ou idealizada daquilo que é belo.
Músicas, como produtos, falam daquilo que o cliente quer ouvir. Na América espanhola, o Romantismo ainda está presente nas telenovelas, outro sinal de que o que o latino quer é o idealismo romântico. No Brasil, as novelas, como as músicas, também incorporaram e até demais o sexo (produções que incentivam o uso de camisinha, cenas em que os corpos ficam quase totalmente nus ou à mostra). Isso reforça a ideia de que o que os latinoamericanos ouvem está muito próximo do que são. Não é segredo pra ninguém que o brasileiro adora falar de sexo... E as músicas vêm, portanto, como um reflexo desse cotidiano e desse hábito. Segundo a sexóloga Carmita Abdo, brasileiros falam muito de sexo, entretanto, na verdade, fazem pouco. Uma outra especulação para a causa desse "sexualismo musical" seria que a música é a oportunidade para dar vazão àquilo que as pessoas não estão tendo, mas estão desejando.
O Brasil viveu algo único no mundo, uma miscigenação de dezenas e dezenas de etnias diferentes. Talvez seja um fator que ao longo de sua história veio mudando suas percepções de sexo. Foi uma chance para preparar futuramente mudanças na sua maneria de viver e de pensar. O teatro das cocottes, das vedetes e a Revolução Sexual dos anos 60 colocaram o Brasil numa posição mais liberal quanto ao sexo. A América espanhola ainda tem mais pudores, tem uma cultura católica mais arraigada. Os dois já foram muito parecidos no tema "pudor". Com a modernidade, seus estilos musicais se reinventaram. E a arte vista como oportunidade para dar vazão às emoções humanas se manifesta para mostrar o que quer cada povo. Portanto, pelo funk, dá pra ver que o brasileiro quer sim mais sexo. Pelo reggaeton, dá pra ver que o hispanoamericano quer romantismo, mas jamais sem aquela pitadinha "caliente" da América, de um espírito tropical sensual que unifica todos os povos que vivem na América Latina.

quinta-feira, 8 de março de 2012

DAMA DE FERRO: QUANDO A SOCIEDADE PODA UMA FLOR (Iron Lady: when the flowers are cut by societies)

Meryl Streep em "A Dama de Ferro". DIVULGAÇÃO. Crédito: www.modaspot.abril.com.br.
Oito de março, Dia Internacional da Mulher. Trata-se de um dia em que, como qualquer outro, devemos falar daqueles que serviram como modelos em quem se espelhar na sociedade. "A Dama de Ferro" é um bom exemplo disso. O filme traz uma abordagem da solidão e dos desafios enfrentados por Margaret Thatcher vividos no antes, durante e no pós-governo, além de uma série de outras reflexões sobre a humanidade.
Uma delas é o grau de descartabilidade do ser humano na sociedade atual. A partir do momento em que alianças políticas com ela foram desfeitas, ela saiu do poder e não voltou mais, em quase todos os sentidos. Desde 1990, ela é vista em público com uma frequência cada vez menor e encontra-se, segundo o que a imprensa diz sobre seu atual estado de saúde mental, num momento de demência. A sociedade descarta alguém e os impactos dessa medida são desconsiderados. O filme mostra uma angústia e uma depressão da protagonista por um dia ter sido "tudo" e, de repente, não ser mais nada... Ou pior, ser um "incômodo" para os outros.
Em uma das cenas, ela diz à filha "você precisa ocupar mais a sua mente... Na sua idade, a última coisa que eu queria era me preocupar com meus pais". Em outra cena, quando aconselhada pelo governo americano a irrelevar o caso das Malvinas e ao ser subestimada por ele, ela diz: "estive em batalha em cada dia de minha vida". São essas e outras frases que revelam o grande referencial em que se constitui essa mulher.
É interessante observar uma cena, essa em que é aconselhada pelo governo americano a não seguir com a questão das Falklands, a antítese transitória do papel da mulher. Primeiro, ela o desafia com suas palavras e, logo em seguida, com a classe que é esperada da mulher, o serve com café e chá com leite.
Num país desenvolvido, palco de revoluções que mudaram o curso da história ocidental e mundial, foi só no final do século passado (1979 a 1990) que ela chegou ao poder. Contudo, ainda foi a única mulher a ocupar o cargo que ocupou. E o filme mostra toda a fibra e força dessa personagem histórica no engajamento político quando ela ainda era jovem, quando conseguiu uma vaga em Oxford (uma mulher ligada à educação de altíssimo nível em meados do século XX). Ele consegue transmitir essa ânsia e a decepção pelo preconceito do olhar masculino daquela sociedade frente à participação da mulher na política.
Porém, a produção peca em entretenimento. A solidão em que vive Thatcher na atualidade, a depressão e esquizofrenia de sua existência atual, acabam cansando o espectador. Talvez seja um reflexo assertivo da monotonia em que ela vive.
Talvez seja o objetivo da produção fazer o espectador sentir um pouco do que Margaret sente e, quem sabe, o que todos os descartados vivenciam. Nessa linha, a função social dessa obra é concluída. Tanto no sentido artístico, o de catarse, o de fazer o observador sentir algo, de provocá-lo, quanto no estímulo social, para repensar o papel da mulher, repensar os valores da sociedade, discutir se são e se somos tão modernos assim (a mulher não voltou a ocupar o poder no Reino Unido, mas a tendência se voltou para a América do Sul, leia-se a Argentina), denunciar a descartabilidade das pessoas e, dentre outros fatores, a coisificação do homem.

March 8th, the Woman International Day. It is a day, as any other, we ought to talk about those people who was and are examples to the world. "Iron Lady" is a good example of this. The movie brings a solitude vision e the challenges faced by Margaret Thatcher before, during and after her government as prime-minister, beyond many other reflections about the humanity.
One of them is the disposability that characterizes the human being nowadays. From the moment the political alliances with Thatcher were broken, until now, she has never come back to the power - we should consider all possible senses to the word "power". Since 1990, she rarely has been seen in public. What does the press say about her mental state? She is sick. The society discards somebody and the impacts from that attitude are disconsidered. The film shows the anguish and the depression faced by Margaret because of the fact of one day being everything and today being "nothing"... Worse than this, the sensation that comes is that one that make you feel unuseful.
In one of the scenes, she says to her daughter "you need to occupy your mind... When I was your age, the last thing that I wanted is to mind about my parents". In other scene, when she is advised by the American government to ignore the Falklands case and after being underestimated by him, she says: "I have been in battle every single day of my life". These and other phrases reveal the big reference that this woman constitues.
In this last part mentioned, there is also another interesting thing. After challenging the American government with her words, breaking what is expected from a woman, she asks him, the way the society wants women to behave, about what he would like to drink, a coffe or a milk tea. It reflects the antithesis and the transitory woman she compounded in relation to the social patterns of that time.
In a developped country, scenary of revolutions that changed the western and global history, just in the end of the twentieth century (from 1979 to 1990) a woman reached the power. But, the trend did not go on and Margaret was the only one. The movie shows all this power and excitation to change, to act, bringing her beginning on political engagement, when she was a young woman that had gotten to study at Oxford (a woman connected to education of high level in the half of twentieth century). This production gets to transmit this desire of action and the deception felt related to judgements from a social male vision.
However, the film may be out of point on entertainment. The solitude in which Thatcher lives nowadays, a depression and a schizophrenia from her actual existance, get the spectator tired. Maybe, it is a right reflection about the monotony she lives in.
Perhaps this is the production objetive, to make the viewer feel a little bit about what she faces, she feels and thinks... In order to make us think a little bit about disposability and what feel those ones who are discarded. This way, the social function from this film is achieved. In the artistic sense, the catharsis, to provoke a reaction, and in the social sense; the motivation to rethink the woman patterns, the social values, to discuss how modern we are (the woman has never come back to power in the United Kingdom, but they did it and do it in the South America - look at Argentina), to denounce the people disposability and, among many other factors, the transformation of the man in a vehicle to achieve his/her interests, as it was a thing are other points concluded.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

A PUC-SP E OS PARADOXOS DE SUA IMAGEM (PUC-SP and its paradoxical face)

Mensagem num muro das imediações da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Nas universidades, os campi têm como função servir de “casa” para a ciência, como diz a professora Gisele Batista, formada em Letras pela UFAM. Alguns são térreos, outros com edifícios altos, alguns na floresta e outros bem no coração da cidade. Dos que visitei, confesso que o câmpus PUC-SP
Monte Alegre foi o que mais me impressionou, pelas sensações que ele proporciona.
Visitar suas instalações no bairro Perdizes, na capital paulista, é mais do que voltar ao passado; é revivê-lo. A estrutura da universidade é bastante velha, o que, por um lado, é aceitável, pois se trata de uma instituição de mais de 65 anos de existência. Por outro, surpreende por ser uma universidade particular, com mensalidades bastante altas. Espera-se que esse tipo de instituição tenha instalações modernas. Isso pode ser tanto um bom sinal, o de que a PUC-SP tem outras prioridades, como pagar bem os professores, como também pode ser um mau indicador; a própria casa da Ciência está descuidada... Abandonada? Um reflexo de uma postura que pode se repetir com outros setores?
Cadeiras velhas com pedaços de tecido rasgado, pedaços do piso de madeira faltando e algumas lâmpadas em mal funcionamento são detalhes que se contrapõem à impressão obtida em alguns de seus espaços ou os complementam. Lembro-me que em um deles, o de uma escada do prédio mais velho, próximo da parte da reitoria, tive a sensação de estar no tempo da ditadura militar; uma escada que se assemelhava àquela na qual sobe Patrícia Pillar para falar com policiais da prisão sobre seu filho em “Zuzu Angel”. Outros locais lembram o Memorial da Resistência na parte que foi conservado o presídio político... Uma sensação de solidão e repressão...
Esse conjunto de sentimentos é aguçado quando se vê o espírito reativo dos alunos expresso nas paredes do prédio mais novo, de frente para o mais velho. Mensagens como “A PUC é racista” e de variados tipos surpreendem pelo fato de a universidade não as ter apagado. Isso mostra um respeito da PUC-SP pela liberdade de expressão. Pedi autorização a ela para fotografar essas mensagens e os outros espaços do câmpus, para compor este texto.
Nesse momento, uma certa confusão é montada, pois me levaram a setores de imprensa, sendo que eu não era da imprensa. Só depois me direcionaram para o lugar certo. Foi aí que vi concretamente a valorização recebida pelo professor na instituição. Para tirar fotos dali, bastava um deles me autorizar. Tentei falar com um deles. Ele é assessor da Pró-Reitoria de Cultura e Relações Comunitárias da PUC-SP e, porventura, professor de Comunicação Social, Prof. Mario Augusto de Souza Fontes. Ele estava ao telefone e um pouco depois veio falar comigo. Depois de muita insistência minha e explicações de minhas intenções com as fotos, ele me aconselhou a enviá-lo um e-mail com um texto de mais ou menos dois parágrafos sobre quem sou eu, o que é blog que escrevo e o que faria com as fotos.
Foi o que fiz no começo da manhã do dia seguinte, mas nenhuma resposta veio prontamente. Enviei o primeiro e-mail no dia primeiro de fevereiro. Como nenhuma resposta chegou, enviei outro, já no dia 15. Finalmente me responderam; entretanto, só fizeram perguntas que eu já havia respondido. Contudo, as respondi novamente. A secretária do e-mail que me fora fornecido, na mensagem, diz ter repassado o que eu escrevera aos professores responsáveis e que eu receberia um parecer deles em até 48 horas. Só depois de mais três e-mail meus e quase 240 horas disseram-me um “sim” ou “não”. No caso, foi um não: “(...) não está autorizada a cessão de fotos na Universidade (...)”.
Deixar os estudantes se expressarem, não apagando suas mensagens e depois não permitir que elas fossem mostradas aqui me parece contraditório, afinal, também sou um estudante. Eu estava cumprindo uma função social, a de transmitir sensações e conhecimento.

In the universities, its buildings have to be the science home, as said by the Portuguese teacher Gisele Batista, graduated by the UFAM (the Federal University of Amazonas). Some buildings are reduced and others are enormous. Some of them are tall and others short. Some in the forest, others in the downtown. Among those ones I have visited, I confess that the main campus from PUC-São Paulo is the one that has impressed me the most, due to the feelings it provides.
To visit the campus from Perdizes (a region from São Paulo city) is more than come back to the pass; it is live it again. The university structure is very old, something that is acceptable; PUC-SP existes since 1946. On the other hand, that is something surprising; it is a private institution, something that makes us think that modernity would be the principle of all the physical structure. It can be a good sign, that this university has other priorities, such as to pay consistently its teachers. It can also be a bad sign if we think that if the Science home is careless, what can we expect from the others sectors?
Old chairs with damaged material, pieces of deck out from their place and some lamps in bad operation are some details that are opposite to the impression got in other spaces from that institution or, maybe, that complement it. I remember that in one of the spaces I had the sensation of being in the Dictatorship episodes from Brazil history. It was in some stairs near the rectory. That time, the scene that Patrícia Pillar goes up the ladder from the prison to talk with the police about her son came at my mind. Other places there reminded me the Memorial da Resistência, in São Paulo, a museum that in the past was used as a prison for those ones who challenged the "order" in the Militar Dictatorship. I felt alone and restrained in that obscure and cold space.
This amount of feelings is intensified when we see the reactive spirit from the students refleted on the older building walls. Messages like "PUC is a racist university" get us surprised for the fact that the institution did not decide to erase them. So, I asked an authorization to photograph them and other parts from the campus, to compound this text.
In that moment, people started to behave in a confused way; they led me to talk with the press sector and I was not from the press. After that, I was led to the "right" place. That time I could observe specifically the way teachers are faced at PUC; they are understood as the maximum authorities. I had tried to talk to one of them. He is from the Pro-Rectory of Culture and Comunity Relations and coincidentally a teacher of Social Communication; he is teacher Mario Augusto de Souza Fontes. He was calling someone e after some time he came to talk to me. I had insisted a lot explaining my intentions with those photos and he advised me to send him an e-mail with a text of approximately two paragraphs saying who I am and where the text would be published. 
That is exactly what I did the next morning. I sended the first e-mail on February 1st. As any answer came. So, I did it again on February 15th. Finally, they "answered" me, making questions about things I had said yet. Nevertheless, I answered them again. The secretary from the e-mail given to me said, on the message, that I would receive an answer in 48 hours. Only after three e-mails I have sended to her and after almost 240 hours I received a "no": "(...) you are not authorized to take photos on the University (...)".
On my opinion, let the students express themselves, not erasing their messages and after not permit that they are exhibited here is something contraditory. I am a studant. I was establishing a social function; to transmit feelings and knowledge... A paper that they should have understood better than me.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

PARADOXOS DA ATENÇÃO (Attention paradoxes)

Crédito: Blog da Mythos.
A cobertura de Lindemberg é integral. Mas, a de Nicolélis, nem sinal. É em situações como essa, a da grande repercussão do julgamento do "maior" sequestrador da história do país, que nos deparamos com os reais valores da sociedade. Nesse panorama, quem faz o mal ganha mais atenção - senão toda ela.
Em entrevista a Marília Gabriela, a psicóloga Lígia Aratangi atesta para o perigo dessa postura social. Segundo ela, dessa forma, a sociedade acaba sendo ensinada que praticando o mal, será o foco da mídia. E se tratando de tempos em que o desejo de fama e atenção é quase uma regra entre as pessoas, não fica tão difícil entender o porque de "grandes" mensagens ou manifestos serem deixados por assassinos, depois que estes se suicidam ou cometem massacres, como o caso de Wellington de Oliveira, do massacre de Realengo, ou de Breivik, do de Utoya. Eles querem destaque, ser lembrados como heróis, ficarem como mártires. 
Durante o julgamento de Lindemberg, Nayara afirmou que o réu se orgulhava quando via o estardalhaço feito em torno de seu caso. São exemplos de elementos que evocam a promoção. Nas palavras da juíza Milena Dias, o crime fora cometido por EGOÍSMO e ORGULHO. Resultado: todo o enfoque dado na sociedade vira um meio de vazão para esses anseios.
É certo que talvez, se não fosse esse meio, encontrariam outro para extravazar a brutalidade que são. No entanto, fica aberto o espaço para a discussão sobre aquilo que a sociedade dá mais importância. Vê-se que aquilo que envolve uma história com altos e baixos, que evoque muita emoção, como uma novela, é o que mais rende audiência.
Segundo uma antrópologa que procurei no ano passado para falar sobre essa tendência que as pessoas têm pelo gosto da tragédia, ela me disse que isso pode acontecer dessa forma porque o cérebro tende a "gostar" das situações em que possa analisar contextos que um dia venha a vivenciar. Desse modo, ele já terá uma saída para quando o problema, de fato, acontecer na vida real.
Contudo, o ser humano não é um escravo de sua natureza, pois, como dissera Jean-Paul Sartre, ele é um "eterno projeto". Isto significa que ele sempre pode modificar-se e, neste caso, é o que ele deve fazer, reavaliar seus conceitos sobre aquilo que deve dar mais importância e aquilo que deve dar menos. Se a advogada Ana Lúcia Assad estava certa sobre o fato de a sociedade e a imprensa terem tido culpa no desfecho do caso Eloá, pode ser que sim... Mas, diferente de Lindemberg, ainda sob a luz de Sartre, a sociedade não está condenada. Se a atenção é dada para aqueles que matam, a sociedade está fomentando sua própria morte.

The Brazilian press focuses on Lindemberg and nothing is reserved for Nicolélis. That is a situation in which we see what kind of values our society has. The evil receives more attention... But, in some cases, it receives all of it.
In an interview to Marília Gabriela, the psychologist Lígia Aratangi reminds us the danger that is in this way of dealing with the reality. As she says, this way, the society is taught that behaving bad, it will be focused by the press. Nowadays, the fame and the attention desire is almost a rule between people, in general. So, it is not so difficult to understand why the "big" messages or manifests are left by muderers, after they pratice their crimes or suicide themselves, like Wellington de Oliveira case, from the Realengo massacre, or like Breivik, from Utoya one. They want to be remembered, the most commented, to "rest" as martyrs.
During the jugdement from Lindemberg, Nayara affirmed that he got proud when he saw the repercussion the kidnapping he was producing was given. Those are examples of elements that evoke promotion. In the words from the judge Milena Dias, the crime were committed by SELFISHNESS and LORDLINESS. As a result of this, the press is used as a vehicle to make possible the fluid of their desires.
Maybe, if it was not this vehicle, they would find another one to reveal their brutalities. Nevertheless, that is a situation to discuss about what society gives more importance. We can see that what involves so much emotion, as soap opera, catches the audience.
As said by an anthropologue I have made some questions about the tendence people have to love tragedy, it can be explained by the fact the brain tends to "like" situations in what it can analise contexts that one day it can face. This way, it will "have" a solution when the problem actually happens to the person.
However, the human being is not a nature slave. As said by Jean-Paul Sartre, the human being is an eternal project. It means that she/he will always be able to modify herself/himself. In this case, that is exactly what must be done; to rethink about what deserves more attention and what does not. If the lawyer Ana Lúcia Assad was right about the guilt that the press and the society shares with Lindemberg related to the murder of Eloá, it can be... But, remembering of what said Sartre, differently from Lindemberg, the society is not condemned. If the attention is given to those who kill, the society will be promoting is own death.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

CAMINHOS CIRCULARES: TALENTO E AUTODESTRUIÇÃO (Caminando en círculos: talento y autodestrucción/Coming back at the same point: talent and death)

Whitney Houston. Crédito: Patrick Demarchelier.

No dia em que fez um ano que o Egito derrubou do poder um ditador, alguém que já caíra dele há muito tempo, calou-se para sempre. Whitney Houston reflete o paradoxo do mundo artístico; nos palcos, a construção de um algo belo e ideal, de um personagem. Nos bastidores, a desconstrução.
Estar rodeado de fãs, diante de muitos deles e, na verdade, não ter ninguém é uma sensação que assola muitos famosos. Viagens constantes muitas vezes prejudicam o estabelecimento de relações duradouras. No caso de turnês, não é diferente e, inevitavelmente, a solidão acaba batendo à porta. Longe dos pais, cônjuges, amigos, a sensação de estar só é um chamarisco para tentar o novo; tentar aquilo que o faça esquecer e fugir dessa situação desconfortável. É uma brecha para a entrada das drogas. Whitney confessou o abuso de cocaína, maconha e pílulas, além de uma conturbada relação com seu marido.
Neste ponto, ela se conecta com "a eterna promessa", como a denominou a revista "Veja", Amy Winehouse. Influenciada pelo marido, Blake, a cantora inglesa caiu no vício e não retornou mais. A deterioração nos últimos anos de sua carreira foi em direção à morte, assim como a de Houston. Sem novos discos - o de Amy não fora lançado pela gravadora, pelo fato de esta considerar muito sombrio o que Amy havia preparado, com apresentações que se resumiam ao fiasco e às vaias, davam alguns sinais de possível recuperação... Mas, nada de efetivo.
Em meio a esses contextos, de solidão, de fundo de poço, a função da arte fica evidente e mortal ao mesmo tempo; dar vazão às emoções. É uma necessidade do homem... Entretanto, se ele não enxerga como, encontrará um jeito de fazê-lo. Talvez seja por isso que a droga é uma constante na carreira de artistas tão talentosos. Muito tempo para a arte, pouco tempo para si, para encontrar-se. No programa "Buenafuente", a cantora espanhola Bebe, revelou ter se afastado por alguns anos depois do sucesso do hit "Malo", para ter um momento consigo mesma. Vi como algo de tamanho equilíbrio e maturidade, o que, contudo, a maioria das pessoas não é dotada.
Como conseguir levantar de um tropeço? Sabendo-o fazer, o que se consegue com uma base psicológica forte ou com um "insight" resultante de um grande choque ou de uma grande revelação. É preciso construir um ser humano forte a ponto de resistir quando a oferta dos entorpecentes aperecer. Os fracassos e a sensação de solidão são inevitáveis... Mas, saber que é hora de parar um pouco, para se encontrar, seja uma rotina de shows e produções, seja um relacionamento que apenas intoxica, está ao alcance de todos, seja por si só, seja por conselhos de outros. Isto, para que não se busque atalhos para a felicidade, soluções ilusórias, caminhos que voltam para o mesmo lugar.

En el día en que hizo un año que Egipto le sacó el poder a Hosni Mubarak, alguién que ya cayera hace mucho tiempo se calló para siempre. Whitney Houston es un ejemplo del paradojo que es el mundo artístico; en los escenarios, la construcción de algo bello y deal, de un personaje. Detrás de ellos, la descontrucción.
Estar rodeado de fanáticos, delante de muchos de ellos y, en la verdad, sentir que no hay nadie cerca es una sensación que persigue muchos famosos. Viajes constantes muchas veces perjudican la consolidación de relaciones que duran. En el caso de los tours, no es diferente y, inevitablemente, la soledad siempre aparece. Lejos de sus padres, compañeros amorosos, amigos, la sensación de estar solo es una oportunidad para intentar lo nuevo, intentar algo que le saque del incómodo, que lo haga olvidarse de su situación. ¡Sean bienvenidos al mundo de las drogas!
Whitney Houston confesó haber abusado de la marijuana, de la cocaína y de pílulas, además de su instable relación con su marido. En ese punto, ella se asemeja a la cantante intitulada por la revista brasileña "Veja", Amy Winehouse. Por influéncia de su marido, Blake, la cantante inglesa se volvió una adicta y de eso nunca más volvió. La deterioración en los últimos años de su carrera fué hacia la muerte, como la de Houston. Sin nuevos discos - lo de que Amy había preparado fue rechazado por su disquera, por considerarlo como demasiado sombrío, las presentaciones que siguieron en los últimos tiempos se volvieron en un verdadero fracaso. A pesar de señales de recuperación, nada cambió efectivamente.
En eses contextos, de soledad, la función del arte queda evidente y mortal al mismo tiempo; construir un flujo para las emociones. Es una necesidad del hombre... Sin embargo, si él no vé cómo, encontrará un medio de hacerlo. Quizás sea por eso que la droga es una constante en las historias de artistas tan talentosos. Mucho tiempo para el arte, poco tiempo para si, para encontrarse. El en programa "Buenafuente", la cantante española Bebe, reveló haberse afastado por algunos años para tener un tiempo consigo misma. Lo vi como algo verdaderamente maduro y equilibrado, lo que desgraciadamente falta a mucha gente.
Como conseguir levantarse de un tropiezo? Sabiéndolo hacer, lo que se consigue con una base psicológica fuerte o con un "insight" resultante de un gran choque o de una gran revelación. Construir un ser humano fuerte a punto de resistir cuando le ofrecen los entorpecientes es necesario. Los fracasos y la sensación de soledad son inevitables... Pero, saber que es hora de parar un poco, para encontrarse, sea una rutina muy de conciertos y producciones, sea una relación amorosa que tan solo intoxica, está al alcance de todos, sea algo que se hace solo o algo en que se és aconsejado por álguien. Eso para que no se busque atajos para la felicidad, soluciones ilusorias, caminos que vuelven para el mismo lugar.

One year after the day that Hosni Mubarak was taken out from the power of Egipt, someone that had lost it so much more time ago left her existence. Whitney Houston reflects the paradox that compounds the artistic world; in the scenes, the construction of a beautiful and ideal character. Behind them, its deconstruction.
To be rounded by many of fans and feeling alone at the same time is a sensation that many famous people have. Constant trips make trouble to consolidate social relations, so many times. In the tours case, it is not different and the loneliness arrives at his/her lifes. Feeling like that is an opportunity to try something that makes forget it or get out of this, it does not mind if it is just temporary; welcome to the drugs world.
Whitney Houston confessed to have abused of marijuana, cocaine and pills, besides having an instable relation with her husband. At this point, her life is similar to the Amy´s. Influenced by Blake, her "man", the british singer got adicted and had not come back from this anymore. The deterioration in the last years from her carrier has been in collision with the death, like Houston´s life. Without new albums - the Amy´s has not been released because her label has considered it too obscure, the last presentations have become something disastrous. Sometimes, both gave signs of recuperation, but anything consistent.
In cases like that, the loneliness, the art fonction gets clear and lethal at the same time; to build a way so emotion could pass through it. It is a human necessity... Nevertheless, if she/he does not see how to do it, that person will find a way to do so. Perhaps, that is the way drugs enter in the lifes of so talented people. So much time to the art, so little time to her/him. In "Buenafuente", the Spanish singer Bebe, she revealed to have "disappeared" during some years after the sucess from the hit "Malo" due to the intention of being alone with herself. I can see it as a balanced actitude, something that so many people lacks, however.
How to get up after a down? Knowing how to do so, something that can be reached through a strong psychological base or through an insight. An insight that is a result from a big shock or a big revelation. It is necessary to construct a human being able to resist when dangerous or lethal opportunities appear. Fail or loneliness are unavoidable... But, to know that is the time to stop a pop routine or a relationship that only intoxicate is crucial and can be reached by almost everybody, even if it is done by advice from other people. That is interesting in order to avoid taking shortcuts to the happiness, illusory solutions or ways that lead people to the same point they got out.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

À BORRA DO CAFÉ...

Ler cala. Ler faz com que nos calemos. Se alguém te irrita, não mande que se cale, dê-lhe leitura.

Leer hace que nos callemos. Si alguién te pone nerviosa (o), no le digas que se calle, dále lectura.

Reading makes us make silence. If someone gets you irritated, give her/him something to read.

Lire fait que nous fermons la bouche. Si quelqu´un dit ce que ne te fait pas bien, donne la lecture à lui.