domingo, 24 de julho de 2011

A mazela da má criação






A crise do Euro reflete, dentre outros fatores, o grau de interdependência das economias no estágio da globalização. A União Europeia é um dos maiores ícones desta fase econômica do mundo. A estrutura daquela zona é como um conjunto de uma espécie de plantas da qual um exemplar é afetado por uma praga, tendo a peste alastrada por todos.



Vê-se a importância do planejamento antes de tudo. Não que este não tenha acontecido na União Europeia, até porque existe uma série de requisitos para dela fazer parte. Entretanto, o grau de desigualdade sócio-econômica entre seus membros permaneceu desde o princípio e, mais cedo ou mais tarde, chamaria a atenção apra si, para que este problema f0sse foco de alguma discussão passível de intervenção direta.



É como uma criança carente que faz de um tudo para receber um pouco de atenção de seus responsáveis. Na criação dela, a falta de diálogo vira um hábito (a falta de atenção é uma lacuna que deixa marcas). Quando este indivíduo, mais "crescido", demonstra as consequências dos problemas de sua criação é que os pais se voltam para o ser "problemático", querendo estabelecer um diálogo, algo que nunca houve, justamente na fase em que era mais necessário, a infância, a construção inicial da personalidade.



O estardalhaço em função da crise pode ser filosoficamente entendido como uma tensão que se acumula com o passar do tempo. A corrupção grega estava arraigada no governo. Daí em diante, o medo da consequência estava se inscrustrando na economia. Uma hora a consequência chegaria e toda aquela tensão guardada se transformaria (como a energia de um gerador) no caos que caracteriza toda a transição (o problema, seu ápice e sua resolução).



Em tudo isto, observa-se a tendência, talvez, humana de seguir com o problema oculto, com a esperança de que, por influência dos fatos externos, ele acabe nunca se manifestando. Isso pode ser visto como uma influência do efeito sedativo que a consciência sofre, termo este utilizado pelo filósofo Luis Felipe Pondé. Isto é, sabemos que somos mortais. Contudo, nossa mente "se esquece" disso e conseguimos prosseguir com a vida, sem o aparente desespero. Isto é positivo, não é à toa que sobrevivemos, ou seja, que, na concepção de Darwin, acabamos nos adaptando ao meio e à nossa condição. Esta é a evolução. O probvlema da questão do Euro é que a tensão não foi esquecida. Ela sempre esteve ali e se se manifestou sob a forma de explosão é porque não houve adaptação ao meio. Então, se não houve o efeito de sedar a consciência, pois se sabia que logo a consequência, pois se sabia que logo a consequência poderia se dar é porque os problemas estruturais das economias "pobres" da Europa deveriam ter sido imediatamente prioridade, quando a problemática estava na infância da União Europeia.